Quando soni Ali morreu em l492, foi substituído
por seu filho que como Soni Ali, era também
o chefe do partido antimuçulmano.
Entretanto
dois anos depois, o poder foi tirado das
mãos deste filho. Um ex-general de
Soni Ali derrotou o novo senhor e tomou
o poder.
Mohammed,
de origem sarakolê, fundou a dinastia
Áskia e aliou-se ao partido muçulmano.
No inicio de seu império viajou a
Meca (1496-l497), escolheu auxiliares entre
os letrados muçulmanos de Tumbuctu
e fez-se investir como califa do Sudão
Ocidental pelo xerife de Meca. Foi sob o
reinado do novo senhor que o império
de Songai alcançou seu máximo
apogeu.
O Áskia
Mohammed foi um grande conquistador e estadista.
Dividiu o império Gao em quatro vice-reinos,
organizou um sistema regular de arrecadação
de impostos, unificou os pesos e as medidas,
explorou as salinas de Teghazza, fortaleceu
a flotilha do Níger e, pela primeira
vez no Sudão Ocidental, formou um
exército regular constituído
de escravos e prisioneiros.
O Império
de Songai não foi um mero sucessor
das duas formações negro-africanas
anteriores. Ele superou qualitativamente
o reino de Ghana e o império de Mali.
Ghana restringiu-se, no geral, aos territórios
do povo Sarakolê. Mali e Songai, ao
contrário, foram impérios
que abarcaram etnias e populações
muito amplas do que respectivamente, os
povos mandingas e Songai. O último
império, no nível poético
e organizativo, ultrapassou os dois anteriores.
Começava-se viver plenamente uma
organização estatal com classes
antagônicas e com um aparato administrativo
que aos poucos se distanciava da organização
gentílica e tribal. O Estado Gao possui
pela primeira vez no Sudão ocidental,
um exército profissional e uma arrecadação
sistemática de impostos. É
também sintomático que o fundador
da dinastia Áskia tenha sido um Sarakolê
e não um Songai, que continuou sendo
a etnia base do império.
Com 86
anos, o Áskia Mohammed foi destituído
por seu filho. O Império iniciava
a sua decadência, apesar da grandeza
que vivia. Songai controlava importantes
territórios ao sul, o antigo reino
de Mali, diversos Estados hauças,
etc. Entretanto, a sua soberania era imposta
às províncias estrangeiras
através do terror. As populações
dominadas esperavam a hora em que poderiam
liberta-se. O Filho de Mohammed viu seu
poder debilitar-se lentamente. O Império
Songai desagregou-se durante o último
reinado Áskia, Ishaq II (l588 –l591).
Nas últimas
décadas do Século XVI, os
senhores muçulmanos do Marrocos voltaram
os olhos para as riquezas do Império
Songai, tentando responder à séria
crise que Marrocos vivia. Por outro lado,
os portugueses aferravam-se firmemente às
costas marroquinas. Por outro lado, a crescente
importância das linhas mercantis orientais
controladas por Songai determinava que as
rotas do Sudão Ocidental/Magrebe
perdessem importância. O deslocamento
mercantil, profundamente prejudicial ao
Marrocos, devia-se à crescente insegurança
do Saara Ocidental, aos melhores preços
dos mercados orientais e à própria
localização dos territórios
nacionais gaos.
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