Pouco se sabe sobre suas origens, este estado sucedeu o de Ghana em esplendor e poder, sabe-se que certo senhor de uma cheferia negra (antigo Mandinga), nas regiões auríferas de Burê, na atual República de Guiné, converteu-se ao islamismo, após fazer uma promessa para que chovesse em meados do século XII. Ele desempenhava o papel de senhor das terras. Informações mostram que reinava sobre o Mali a dinastia dos Keitas, que viviam sob a soberania dos vizinhos Sossos, comandados por Sumanguru Kante. Conta à tradição oral que, nesta época morreu o senhor Keita Nare Fa Maghon, subindo ao poder seu primogênito, Dankaron Touma, meio-irmão do futuro construtor do império Mandinga, o grande general Sundiata (ou Mari Diata), que foi figura marcante da história do Sudão ocidental, até hoje é referenciado pelo Malinkes (habitantes de Mandinga).
Segundo as mesmas fontes orais, nada levava a crer que tão brilhante futuro lhe era reservado. Até a morte de seu pai e a conseqüente chegada do poder de seu irmão – quando Sundiata tina 07 anos, ele não andava direito, foi a partir desse momento que Sundiata começou a recuperar-se fisicamente. Logo se tornou um bravo e admirado por todos e isso preocupava o novo senhor
da tribo berebe, pois este sabia que Sundiata além da admiração contava com a aliança do caçula da família Bory, da tribo camara, guerras à vista, Sandiata fugiu com a família e refugiou-se na corte do rei Tounkara.
Anos mais tarde, os malinkes revoltaram-se contra o rei Sosso a que estavam subordinados. A tradição mandinga acusa o Rei Sosso de crueldade e de apoderar de todas as belas jovens do país. Na sociedade aldeão-comunitárias, o açambarcamento de mulheres é uma forma de apropriar-se de parte do excedente social.
O Meio irmão de Sundiata parece ter duvidado da possibilidade de vitória. Preferiu esconder-se, com parte de sua gente, bem longe, nos atuais territórios de Guiné. Diante disso, os Malinkes lembrou-se de enviar uma embaixada para convidar o príncipe exilado a pôr-se à frente da arriscada empreitada. O Jovem senhor, apoiado por guerreiros cedidos pelo rei Tounkara e
engrossando o seu exército nas regiões mandingas que atravessava, quando do regresso, lançou-se à guerra. Em l235, em Kerina, finalmente Sundiata derrotou Sumanguru Kante. Apossando-se após longo cerco, da capital dos Sossos, Sundiata tornou-se senhor absoluto da Região.
Sundiata atrelou ao seu poder as cidades vizinhas, segundo Ibn Batuta, geógrafo árabe nascido em Tanger em l304 e falecido em Marrakech em l378, Sundiata converteu-se ao islamismo. Os Keitas seguiram desempenhando um importante papel nestas cerimônias religiosas africanas.
Sundiata pode ter sido o responsável por estabelecer a capital do seu Império em Inani, bastante mais ao sul da antiga capital de Ghana, isso dificultaria o ataque dos nômades, pois os camelos só conseguiam chegar a essa região no período da seca e os cavalos não resistiriam à tripanossomíase que infestavam a região. Sundiata morreu no ano de l255.
A ele sucederam-se vários senhores que governaram com o título de Mansa. Todos, fora uma exceção, um servo que se apoderou do poder (l285 a l300), foram keitas. Este clã se mantém até hoje, como uma espécie de aristocracia, no coração do país mandinga.
As bases econômicas do império de Mali foram às mesmas do reino de Ghana, a tributação das comunidades aldeãs africanas, o comercio internacional de ouro e escravos. Mali continuou a tradição comercial, mas estabeleceu laços comerciais com Tripolitânia, região da Líbia e o Egito. Deste novo relacionamento comercial surgiram duas grandes cidades mercantis: Djenne e Tumbuctu, que procurou a proteção dos senhores de Mali, transformou-se em um dos principais centros comerciais do Sudão ocidental, já naquele tempo muitos juizes, médicos e letrados faziam parte de sua sociedade e o comércio de livros era intenso.
A riqueza deste império ficou registrada quando da viagem do Mansa Kanku Mussa (1307-1320 a Meca). Como seus antecessores, aprestaram-se a cumprir a obrigação de todo bom muçulmano. Conta-se que nessa viagem levou consigo milhares de servos e de 10 a 12 toneladas de ouro e sua entrada no Cairo foi precedida de milhares de escravos ricamente vestidos e já em Meca teria comprado terrenos para abrigar futuros peregrinos negros.
A historiografia registra uma interessante peripécia do pai de Mansa Mussa. Querendo saber os limites do oceano atlântico, enviaram possivelmente da costa da atual Gâmbia, 20 pirogas a explorá-lo. Quando voltou apenas uma, afirmando ter visto as outras naufragarem, o pai entregou o poder ao filho e partiu, acompanhado de duas mil pequenas embarcações, para uma nova tentativa, após o fato não se teve mais notícias do rei navegante.
Mali entrou em decadência a partir de 1400, quando teve seus territórios invadidos e saqueados. Nestes anos, sofreu a contínua pressão do império de Gao, que se fortalecia crescentemente. Quando os portugueses chegaram às costas do império, seus territórios estavam reduzidos às regiões que iam do Níger até o Atlântico. Os senhores de Mali ofereceram aos portugueses apoios político e militar, procurando, assim, reconquistar o antigo poder. No final do século XVII, pouco restava do antigo poder de Mali.
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